Não se martirize

Quantas vezes nossa vida não ocorre da forma como gostaríamos e nos culpamos até pelo que nunca esteve ao nosso alcance?
Estamos tão acostumados a querer o controle e a estabilidade que esquecemos completamente que a vida é a coisa mais instável que existe. Estamos tão acorrentados em nossa rotina que a simples ideia de perder o controle nos apavora.
Mas quem disse que temos qualquer tipo de controle em nossas vidas?
Sequer sabemos por que estamos no mundo ou o que virá após a morte. Cobramos de nós mesmos uma segurança que não existe. Uma certeza que jamais virá. Nada é certo e este é o normal. É claro que podemos traçar mil planos para nossa existência nesta terra, desde pessoais à familiares e profissionais. Não só podemos como devemos. Mas nos martirizarmos porque as coisas não ocorreram como queríamos é loucura.

Sobre cuidar de nós mesmos

Certa vez li uma frase do escritor Pedro Chagas Freitas, sobre cada um cuidar da sua vida. Era uma frase sensacional que, com certeza, deveria viralizar e alcançar todas as pessoas do mundo. Vá cuidar da sua vida, ele dizia. E, sabe, é exatamente isso: devemos apenas cuidar da nossa vida, sempre.
Quando cuidamos de nós mesmos temos tempo para planejar nossos sonhos e correr atrás das nossas metas, temos tempo para pensar em nossa vida e para ler o nosso livro favorito. Podemos trabalhar, estudar, malhar da forma como queremos. Porque nossa vida só diz respeito à nos mesmos e, no máximo, podemos compartilhar com quem amamos.

As janelas dos outros andares

Gosto de olhar as varandas dos prédios e imaginar a vida de quem vive ali. Se são felizes, se estão casados ou moram sozinhos, se os filhos já são crescidos ou se sequer querem ter filhos. O que assistem na tv, aonde trabalham, o que fazem durante as noites em que observo as luzes de suas janelas, geralmente parado no estacionamento do supermercado. Ou até mesmo quando visito alguém que possui outros apartamentos em suas vistas.
Como se a vida deles fosse algo mágico ou maravilhoso. Porém, sequer sei como seria uma vida mágica em São Paulo.
Imagino os arranha-céus e andares cada vez mais altos. Como o vento urra com a urgência de sua existência, onde as nuvens parecem querer invadir, com inveja de suas vidas andarilhas. Querem a segurança do que é certo, do conforto, de ter um lugar para voltar.
Quem não quer, afinal?

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Criado por: Andréa Bistafa.
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