Grama Verde

A grama verde e o chão de concreto. Contrastando abaixo do sol quente da tarde. Lampejos de memória, desejo e tédio. Olhando pela janela, só consigo pensar que me atrai mais a grama do vizinho. Tão mais verde, tão mais viva.
Suspiro. Num misto de anseios e decepções, já não sei mais o que esperar. Vivendo o hoje a cada dia, mas sem saber se ainda terei algo no futuro. Ou se viverei o hoje eternamente.
O hoje não me agrada muito. Talvez o presente do vizinho me agrade mais. Sem pressa, me perco num turbilhão de pensamentos, imagens e versos. Folheio uma ou outra página, rabisco uma frase, divago entre o final de uma série e a sinopse de um filme. Tenho a tarde toda. As horas se arrastam em minutos silenciosos. Minha mente grita, inquieta.
Quero tudo, quero nada. Mas quero agora. Tamborilo os dedos sob as folhas do caderno. Distraio-me observando a nuvem que parece um sorvete. Penso no passarinho que pousa no jardim, penso nas frases inacabadas da minha história.
Ainda está cedo, mas outrora será tarde. Tarde da noite, tarde do mês, tarde da vida. Os segundos me escorrem pelos dedos, o tempo passa mesmo que eu não perceba. Mesmo que não queira. Mesmo que não ligue.
Logo será tarde para tudo e para nada. Tarde para terminar minha história, para planejar o futuro, para regar meu jardim.
É hora de esquecer a grama do vizinho.

Não somos...

As pessoas vêem a cor do seu cabelo, mas não sabem sobre seu passado.
As pessoas notam a cor dos seus olhos, mas não imaginam como foi seu dia.
As pessoas reparam nas suas roupas, mas não enxergam seu caráter.
As pessoas encaram seus sapatos, mas não entendem sua personalidade.
As pessoas te julgam pela cor da pele, pelo tom de voz do seu "bom dia", mas elas não sabem nada sobre você. Sobre sua essência. Sobre suas vitórias e derrotas.
Nem todos entendem suas diferenças, nem todos aceitam que suas qualidades não são as delas e seus defeitos não são os seus.
Somos humanos e não robôs. Temos um coração mortal que bombeia sangue e não um aglomerado inanimado de metais.
Não somos iguais. Não precisamos ser. Sequer deveríamos ser. E não estamos errados.

© Marcas Indeléveis - 2014. Todos os direitos reservados.
Criado por: Andréa Bistafa.
http://i.imgur.com/wVdPkwY.png