Inquebrável

Acostumei-me a ser um alvo, a estar por baixo, a pensar que poderia ser pior. A acreditar que não merecia, que não conseguia, que nunca seria suficiente. Tive a autoestima esmagada, massacrada.
Me culparam por isso também.
Você deveria ser mais forte. Mais confiante. Falar mais alto. Mais incisiva. Mas eu estava quebrada e não podia juntar meus cacos. Demorou um tempo para entender que algumas pessoas sempre irão tentar pisar em você. Às vezes nem é pessoal, elas só precisam te pôr para baixo para se sentirem melhor. Custei a entender que essa era uma característica deles, e não minha.
Eu era eu, mesmo com minhas imperfeições. Com meus defeitos cruéis. Com meus monstros enraizados. Eu nunca precisei pisar em ninguém. Mesmo com meus medos, segui em frente. Mesmo com minhas inseguranças, continuei procurando o que quer que precisasse encontrar. E encontrei algumas coisas pelo caminho.
Continuei caminhando, um passo por vez.

Além da dor

Vivemos tentando aliviar a dor. Buscamos conforto, alívio, escapes. Não queremos sentir, mas esquecemos que somos dor. Somos dor o tempo todo. E não há como fugir. A vida vai nos machucar. As pessoas muito mais. Viver não é enfrentar a dor: é doer. Mas tudo bem, a dor passa. Assim como o tempo. É tudo uma questão de relatividade.
Estar acima da dor não é não sentir, mas sim saber que dias e dores passarão, assim como também irão nos moldar e transformar: em nós mesmos, no melhor de nós ou, talvez, em apenas humanos. O que já é suficiente. E que possamos continuar vivendo, com ou sem dor, um dia após o outro...

Julgamento

Atrás das janelas
O silêncio como um pêndulo carrega
A angústia da espera

Lá fora, o dia se faz treva
A tempestade impera
Tingindo de piche o céu

O medo se faz réu
O juiz se torna eu
A dor julgada
Por um crime que não cometeu

Sentença declarada
A mente se cala, e sente
Prisão perpétua
Para uma alma inocente

Palavras que eu nunca disse

Assim como meu caráter
Não tive a oportunidade
De escolher minha personalidade
Já veio de fábrica, quando nasci

Se pela minha boca não saem
Assim tantas palavras
É porque penso mais do que cabe em minha alma
E prefiro esculpi-las no papel a berrá-las por aí

Se não nasci com o dom da extroversão
Não cabe a você
Nem à sua regra
A minha introversão

Ser diferente não me intitula
Não sei por que ainda me rotula
Se nem eu mesma sei quem sou

O preconceito tem as mais diversas faces
Ou será que isso é só miragem
De uma alma em desalento?

Não peço que me entenda
Tampouco compreenda minha dor
Desejo apenas que respeite
A pessoa que existe embaixo dessa pele

Pois é assim que sou

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Criado por: Andréa Bistafa.
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