As janelas dos outros andares

Gosto de olhar as varandas dos prédios e imaginar a vida de quem vive ali. Se são felizes, se estão casados ou moram sozinhos, se os filhos já são crescidos ou se sequer querem ter filhos. O que assistem na tv, aonde trabalham, o que fazem durante as noites em que observo as luzes de suas janelas, geralmente parado no estacionamento do supermercado. Ou até mesmo quando visito alguém que possui outros apartamentos em suas vistas.
Como se a vida deles fosse algo mágico ou maravilhoso. Porém, sequer sei como seria uma vida mágica em São Paulo.
Imagino os arranha-céus e andares cada vez mais altos. Como o vento urra com a urgência de sua existência, onde as nuvens parecem querer invadir, com inveja de suas vidas andarilhas. Querem a segurança do que é certo, do conforto, de ter um lugar para voltar.
Quem não quer, afinal?


Ou deveríamos querer apenas a certeza de que estaremos vivos e somos fortes para qualquer desafio e imprevisto? A aventura dos filmes ou a tranquilidade de uma rotina normal...
Quem sabe?
Se quer saber, também moro em um prédio. Mas acontece que odeio ser observado. Às vezes tenho certeza de que nossas vidas são exatamente como deveriam ser. E que sou mais feliz que os que estão atrás das janelas dos outros prédios. Mas, às vezes, apenas gosto de olhar as varandas dos prédios e imaginar a vida de quem vive ali...

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Criado por: Andréa Bistafa.
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