Há
um ano eu vi pela primeira vez uma flor de cera. Ah, fiquei encantada com sua
beleza! Uma flor que mais parecia um bibelô. Na mesma época, minha mãe ganhou
uma muda da graciosa planta. Um vaso, um espaço arejado e lá estava a pequenina
criando raízes em nossa casa.
Pouco tempo depois deste episódio,
precisei mudar de cidade. Deixei minha terra natal, o conforto da casa dos pais
e tudo o que conhecia para morar e trabalhar em outra cidade.
Não
foi fácil.
Diria,
até mesmo, que foi a coisa mais difícil que já fiz.
Tanta
saudade, dificuldade, coisas que eu não tinha ideia de como fazer. Tantos
desafios e momentos de reflexão. Uma lista de dias, semanas, meses e anos. Um
planejamento. Um futuro. Um desejo.
O
que nos muda, dói. Se virar sozinha, crescer e estar pronta para o mundo,
queima. Se preocupar com as contas, com a comida, com os horários apertados,
arde. Ser forte, aprender o que é resiliência, deixar de lado tudo que é banal,
supérfluo, fútil, sufoca.
Aprendi
a simplificar muitos dramas cruciais e a agradecer por tudo que tenho. A dar
valor nas mais diminutas coisas. Sair do meu mundinho pequeno e perfeito me fez
ver que a vida não é perfeita. Ninguém é perfeito.
Mudar
de cidade me mudou, de todas as formas possíveis. Eu cresci, amadureci e
aprendi uma lição imensa. Deus tinha uma lição para mim. Não foi fácil, mas fiz
o dever de casa.
E
sabe do melhor? Eu voltei. Não para casa dos meus pais, muito menos para meu
mundinho fechado. Voltei para minha cidade natal com muito mais sabedoria.
Disposta a arriscar, odiando a monotonia, sabendo exatamente o que fazer, o que
quero e quem eu sou.
E,
se quer saber, eu sou como a flor de cera. Que, aliás, acabou de desabrochar
suas primeiras flores. Demorou um ano mas aqui está ela, pequenina, pronta para
alcançar o mundo. Como eu. Pronta para o que vier.
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