Já
faz um tempo que tenho buscado razões profundas e caminhos certos. Mas, na
verdade, apenas cacei desculpas esfarrapadas e rodei em círculos todo este
tempo. As razões que busco não estão escondidas em algum lugar da rua, como em
uma caça ao tesouro. Tampouco os caminhos certeiros são aqueles que me dizem
para seguir. Venho perseguindo motivos errados. Ações amorfas.
Estou em um caminho sem cores, sem
trilhos, sem poeira das estrelas. Sem poesia, música ou o algo a mais que torna
nossos dias possíveis. Sem aquele sentimento que não podemos descrever, embora
tantos o chamem de amor. Estou em um caminho superficial, com relações de
aparências, com tecnologia que nos priva ao invés de aproximar. Estou em um
lugar no qual simples opiniões divergentes causam guerras, há uma luta
estética, rolando muito dinheiro e pouca ética.
Estou tão distante de um tempo que
não passou há muito. Parecem séculos, mas não foram duas décadas. Havia mais
brilho no olhar e menos competição. Mais amizade e menos especulação. Mais
caminhos para se seguir, razões para perseguir, motivos para possuir.
Sei que ainda há um rumo, mas o
mundo está confuso, e o excesso de informação gera ainda mais conflito. Havia
uma realidade em que as redes sociais não perseguiam, o WhatsApp não nos
acordava de madrugada, ninguém exigia uma resposta imediata a quase nada. Havia
mais liberdade, ou ao menos a sensação de tê-la. Mais conversas nos jantares,
menos ansiedade em relação ao futuro. Éramos apenas o que éramos, vivíamos
apenas para o momento. Esse mundo talvez ainda exista, atrás de toda essa névoa
da modernidade. A poesia escorre pelos dedos, a música entra pelas frestas,
sumindo em meio à poluição sonora desenfreada.
Ainda existe o caminho de aquarela,
com um sol amarelo e um castelo. Mas ele está descolorindo à velocidade da luz.
Que Deus não permita que desbotemos junto.
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