Já
faz tempo que não me sento e encaro a página em branco. Não foi por falta de
ter o que desabafar, isso garanto. Mas tampouco venho aqui me explicar sobre o
que fiz, falei ou – muito provavelmente – deixei de fazer nos últimos tempos.
Sabe, o papel não me julga. E, diferente do mundo real, a luz branca e vazia
não me amedronta.
Lá
fora tudo é incerto, pesado e sufocante.
Aqui?
Apenas meus pensamentos que – por fim! – podem ganhar vida. Não sou de dizer
muitas palavras por aí. Aliás, tenho andando mais calada que de costume. Fechada
em uma página, não em branco, mas com rascunhos, rasuras, ranhuras e dor...
quanta dor.
Aqui
posso ficar calada, se quiser. E ainda tenho a sua companhia. Ou não.
Um final plausível
sempre me vem à mente. Charles Bukowski.
Incompreendido como eu? Não sei. Com uma cacetada de problemas? Probably.
Sempre penso que deveríamos ter este lugar para onde ir. Quando o peito não
consegue se acalmar, quando a mente não consegue se calar, quando o mundo e
tudo o que há nele se torna pesado demais. Quando a imensidão do lado de fora e
a imensidão do lado de dentro são mais fortes que o vazio que eu tento ignorar.