Viro a folhinha do
calendário para notar que é a última página. Tarde demais, a nostalgia
do ano novo me invade de súbito. As reflexões de final de ano são um
clichê, mas que me cabem perfeitamente, de fato. Passo mentalmente minhas metas
para o ano de 2014, não deixando de soltar um profundo suspiro. Olho para o
relógio, são oito horas em ponto, o que ainda me dá quinze minutos livres.
Balanço a cabeça pensativa enquanto remexo na gaveta da escrivaninha. Achei!
Pego o bloco de notas e abro na página grifada em cores neon: Metas para 2014.
Leio os itens rapidamente, ponderando sobre o que cumpri e o que iniciarei em
dívida para 2015.
Ok, é isso. Não cumpri
metade... Mas, pensando bem, esses itens já estão encaminhados. Mordo a ponta
do lápis pensativa. Certo, rabisco a página seguinte, intitulada de Metas
para 2015. Anoto os itens pendentes, grifando e destacando com um enorme lembrete:
metas para o primeiro semestre. Pronto, plano traçado. Irei correr atrás do
prejuízo no primeiro semestre de 2015 para eliminar as pendências deste
ano, e ainda me restará seis meses para as metas do próximo ano. Começo a
listá-las uma a uma, não sem fazer uma careta ao perceber o quão estão
preenchendo rapidamente a página.
Várias metas para cumprir...
Vários sonhos para correr atrás. Já passei dos vinte anos, penso nostálgica. E
ainda não fiz metade do que pretendo. Ânimo, Maria Alice, penso comigo mesma.
Ano novo está aí para isso. Mas não deixo de lembrar com certa tristeza tantas
coisas que parecem que aconteceram ontem, mas já faz anos. Ah meu Deus, os anos
voam.